terça-feira, 27 de novembro de 2007

Galera esse ai é meu artigo!!!

TV e Vídeo na Educação: Programas Educativos e Programas Não-Educativos

Monique Chaves Nogueira¹



Resumo
_______________________________________________________________
Estamos deslumbrados com o computador e a Internet na escola e vamos deixando de lado a televisão e o vídeo, como se já estivessem ultrapassados, como se não fossem mais tão importantes ou como se já dominássemos suas linguagens e sua utilização na educação. Por isso muitas vezes julgamos alguns programas como sendo educativos e outros como não educativos sem analisar toda conjuntura. No seguinte artigo irei expor os cuidados que devemos tomar ao utilizar essa nomenclatura.
______________________________________________________________


Palavras chave:

Educação, tecnologias (TV e vídeo).


1. Introdução

A informação e a forma de ver o mundo predominante no Brasil provêm fundamentalmente da televisão. Ela alimenta e atualiza o universo sensorial, afetivo e ético que crianças, jovens e grande parte dos adultos levam para sala de aula. A TV é o meio de comunicação predominante, ela é instrumento de socialização, entretenimento, informação, publicidade, tudo em função dos interesses dos mercados.
A escola precisa observar o que está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de aula, discutindo-o com os alunos, ajudando-os a perceberem os aspectos positivos e negativos das abordagens sobre cada assunto. Segundo Moran (2007), devemos “fazer re-leituras de alguns programas em cada área do conhecimento, partindo da visão que os alunos têm, e ajudá-los a avançar de forma suave, sem imposições”. Ao utilizar a TV na escola temos que saber utilizar tudo o que for transmitido, sem fazer distinções entre ser ou não ser educativo. Muitas vezes, a definição que encontramos para o termo educativo é muito diferente da definição encontrada pelos alunos, levando em consideração a realidade e a conjuntura em que estão inseridos. Por isso, devemos tomar cuidado ao definir o que seja “educativo”, baseado na lógica formal, e o que não seja educativo.


2. O que é um programa educativo, afinal?

Educar com novas tecnologias é um desafio que até agora não foi enfrentado com profundidade. Temos feito apenas adaptações, pequenas mudanças. E devido a essa falta de conhecimento das novas tecnologias, e da forma como devem ser utilizadas, é que definimos alguns programas como sendo não-educativos, sem informação, sem conteúdo, ou seja, como algo que não está nos acrescentando nada e que por isso não devemos assisti-los. Da mesma forma, vemos as diferentes formas de linguagens que as pessoas utilizam como palavras de baixo calão, dentre de nossa cultura.
A linguagem, quando não está de acordo com a cultura em que estamos acostumados, também é vista como sendo algo prejudicial à educação tradicional. Os “palavrões”, a linguagem informal, são julgados como linguagens inadequadas ao modelo de sociedade que estamos inseridos. Não levamos em consideração o contexto social em que os alunos estão inseridos e o que os mesmos estabelecem como certo e errado. Devemos pensar que para alguns alunos essa seja a linguagem habitual e, por isso a vejam como algo normal. Por isso, julgar determinados programas como sendo educativos termina sendo algo que está subjugado à cultura da qual fazemos parte, ou seja, está inserido no contexto de uma educação tradicional. Devemos abordar a relação educação-televisão a partir de três perspectivas complementares: educação para uso seletivo da TV; educação com a TV; educação pela TV. O consumo seletivo e crítico da TV objetiva desenvolver a competência dos alunos para analisar, ler com criticidade e criativamente os programas. Na educação com a televisão se utilizam programas como estratégia pedagógica para motivar aprendizados, despertar interesses, problematizar conteúdos. E educar pela televisão significa comprometer emissoras a ofertar mais e melhores programas ao público infanto-juvenil. Bonilla defende em seu texto a seguinte idéia:

O que precisamos é fugir da dicotomia “educativo”/“não educativo” e considerar que o sujeito não é um receptor/reprodutor passivo. Ele ressignifica o que recebe. Portanto, todo e qualquer programa de TV, filme ou software, é educativo, visto que todo e qualquer sujeito ressignifica o que eles veiculam. (BONILLA, 2001).

A problemática surge quando passamos a conceituar este ou aquele programa como sendo bom para os alunos. Educativo seria tudo que estivesse seguindo os modelos tradicionais de ensino, todas as outras coisas que não se encaixem nesse modelo serão ditas como não educativas.


3. Como trabalhar a diversidade da TV em sala de aula

Vivemos em um período marcado por grandes desafios no ensino focado na aprendizagem. E vale a pena pesquisar novos caminhos de integração do humano com o tecnológico. Para que isso ocorra, temos que descartar o equívoco da adoção de um comportamento anti-TV. Ou mesmo de conselhos sobre o tempo gasto diante da telinha, que seria saudável limitar. Embora muitos professores já tenham compreendido que, por aí, pouco ou nada resulta de proveitoso, ainda é preciso insistir: pode-se gostar mais ou gostar menos, ou desgostar do que a TV representa nas nossas vidas e de como ela se tornou participante invisível de nosso trabalho. O que não se pode, indiscutivelmente, é ignorar a TV e como ela nos afeta. Nem ignorar que ela nos captura através de estímulos sensoriais e emocionais, antes de mais nada.

Enquanto educadores, inseridos num sistema formal de educação, temos por objetivo básico que nossos alunos conquistem e exerçam a autonomia, a criticidade, a cidadania. Mas como atingir tais objetivos se os fatos do dia-a-dia de nossos alunos – estando aí incluída a novela, a propaganda, o filme – não são problematizados na escola, o locus propício para a análise e discussão do que vivenciam fora dela? (BONILLA, 2001).


A discussão que se faz em relação à diversidade de programas exibidos pela TV, é relacionada à postura que a escola irá tomar para trabalhar essa diversidade, sem ter que estereotipar esse ou aquele programa que está sendo exibido. Os professores devem estar preparados para as dificuldades que vão encontrar ao trabalhar as diferentes visões de mundo, valores, hábitos, que são mensurados na escola. Ao utilizar as tecnologias para nos auxiliar neste processo devemos ter o conhecimento sobre os mesmos para que não criemos conceitos comuns e simplórios, que não nos trará os objetivos desejados, que almejam uma escola que possua o papel de educar com as novas “formas de educação” absorvidas pela sociedade, como a questão da mídia que está presente quando se fala em educar o sujeito.


4. Conclusão

O que podemos compreender de todo esse processo é que não são os programas ou filmes que vão conduzir os rumos da educação, e sim a postura que vamos ter diante eles. Mesmo que não concordemos com os conceitos, os valores que muitos veiculam, é problematizando, discutindo os valores impostos, que os mesmo vão se tornando educativos para o nosso objetivo, que é educar os alunos segundo nossa cultura e nossos valores.

¹Graduanda em Pedagogia da FACED-UFBA.

Referências:

CARNEIRO, Vânia Lucia Quintão. A televisão e o vídeo na escola. Disponível em:
http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/tedh/tedhtxt3a.htm.
Acessado em 01 de novembro de 2007.

MORAN, José Manuel. Desafios da televisão e do vídeo à escola. São Paulo, 2002. Disponível em:
http://www.eca.usp.br/prof/moran/desafio.htm
Acessado em 01 de novembro de 2007.

MAGALDI, Silvia. É possível educar para e com a TV? Disponível em:
http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2003/dte/tetxt5.htm
Acessado em 17 de novembro de 2007.

BONILLA, Maria Helena. Educativo! - Amarra que impossibilita o vôo. Revista de Educação CEAP, n. 33, p. 47-51, 2001.
Disponível em:
http://www.faced.ufba.br/~bonilla/texto3.htm
Acessado em: 17 de novembro de 2007.

4 comentários:

Jeane Gavazza disse...

seu artigo ficou bem interessante... gostei!

Gláucia disse...

Monique, seu artigo ficou compacto e abrangente, parabéns!
Ao lê-lo me remeti a discussão que tivemos no dia da apresentação do seu seminário, onde dentre as muitas questões levantadas, surgiu essa que me intrigou bastante, o que é o educativo. E vc buscou trazer essa interrogação pro seu artigo, temos que problematizar essas e muitas outras conceituações, que são instituídas a nós.
:]

Carle Teles disse...

Gostei do seu artigo, principalmente quando a problematização do que é um programa educativo. O conhecimento é o poder, quem o detém é capaz de manipiular todas as informações que lhe são covenientes.

Isis Maria disse...

Monizinha, gostei bastante do seu artigo!

Tb me interessei pelo tema, acabei pesquisando mais (olha só, vc é uma ótima influência!!! =D)

Fico bastante intrigada com a forma como nós, educadores e futuros educadores, encaramos a tal "telinha mágica" e tudo o que ela expõe! Os programas são divididos em dois grupos: os ótimos e os péssimos!

Bem, bem, como Mony já deixou claro, acredito q precisamos ir além da classificação!

É preciso analisar como se faz televisão, mas sem esquecer de debater o que a televisão faz (ou não!)!

Adorei seu artigo, minha linda!

Um beijo!